quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Com seção ideal, cabos elétricos de edifícios comerciais e industriais podem economizar energia e emitir menos CO2



Dimensionamento ambiental dos cabos prevê as melhores seções para diminuir perdas de energia, reduzir emissão de CO2 na cadeia de geração e distribuição de eletricidade e contribuir para a preservação ambiental


Os balanços ambientais de indústrias e grandes edifícios comerciais podem agora contar com o apoio de sistemas de cálculo de seções de cabos para reduzir suas emissões de CO2 baseadas na redução das perdas na transmissão de energia elétrica. 

Dentro do conceito que a Nexans denomina de EcoCalculator, os sistemas disponíveis fazem o Dimensionamento Econômico e Ambiental dos Cabos (DEAC ) nos circuitos elétricos de prédios comerciais e industriais, prevendo a seção ideal nesse contexto. 

Os softwares, fornecidos por entidades como o Instituto Brasileiro do Cobre - Procobre Leonardo Energy e também pela Nexans (ainda em adaptação para o Brasil) são gratuitos e representam uma contribuição aos profissionais que desenvolvem projetos elétricos.

"Nem sempre a seção prevista com foco apenas na segurança leva em consideração os aspectos energéticos e ambientais. 

Geralmente, essas seções prevêem o comportamento dos cabos em situações de regime permanente, sobrecarga e curto-circuito, mas não prevêem evitar a perda de energia, algo que pode ser percebido com a sensação de calor em volta dos condutores quando o circuito está em operação", explica o professor Hilton Moreno, engenheiro eletricista e estudioso das normas técnicas nesta área. 

Segundo ele, há casos em que a seção prevista inicialmente para o cabo é até cinco ou seis vezes menor do que deveria ser, considerando-se o DEAC. 

Para o especialista, esta questão é extremamente séria e relevante e poderia gerar uma economia substancial no consumo de energia e uma redução na emissão de CO2, que ainda contribui para a preservação ambiental.

"Estudos realizados na Europa estimaram que apenas entre os 27 países da Comunidade Econômica Européia, se houvesse uma adesão imediata ao DEAC, seria possível evitar ali a construção de 50 usinas nucleares de médio porte nos próximos 20 anos", observa o professor. 

No Brasil, em função do aumento substancial no consumo de energia elétrica que vem se registrando nas últimas duas décadas e a projeção de crescimento da economia nos próximos anos, o EcoCalculator poderia contribuir para evitar colapso no abastecimento e também diminuir o impacto ambiental trazido com a construção e funcionamento de novas usinas elétricas.

Exemplo de dimensionamento 

Em testes, o software do Procobre da Leonardo Energy* aplicado a uma situação real, num hotel localizado em Guarujá, no litoral de São Paulo, demonstrou quais seriam os ganhos ambientais e econômicos usando-se um dimensionamento econômico e ambiental correto para a seção de cabos elétricos. 

Um circuito, composto por um cabo de cobre de 10 mm2, quando substituído por cabo de 50 mm2 (valor resultante de cálculo feito pelo software), apresentou uma performance projetada para os próximos 20 anos de uma economia de 69.678 kWh, equivalente ao abastecimento de uma casa residencial, com quatro pessoas, durante aproximadamente 15 anos. 

"Apenas neste circuito, o hotel deixou de emitir 9.500 quilogramas de CO2", contabiliza o professor Hilton Moreno. 

"Considerando que o hotel tem pelo menos 40 outros circuitos desse tipo de circuito, a economia que o estabelecimento teria em 20 anos equivalerá ao consumo de 10 mil casas em um mês", ressalta o professor.


O dimensionamento econômico e ambiental dos cabos elétricos é ideal para construções que tenha circuitos com condutores de seção igual ou superior a 10 mm2. São shopping centers, indústrias, hospitais, portos, aeroportos, ginásios esportivos, edifícios comerciais e outras edificações onde há um consumo substancial e contínuo de energia. 

"Neste cálculo, houve um custo inicial maior devido aos materiais e mão de obra envolvidos, mas o custo operacional no entanto absorverá esses valores se considerarmos as perdas de energia evitadas a longo prazo", explica o especialista. 

O custo inicial desse circuito saltou de R$ 3 mil para R$ 14,9 mil; mas quando projetado o custo operacional em 20 anos, o cabo dimensionado economicamente prevê uma despesa de R$ 4,4 mil contra R$ 22,4 mil que seria gerada pelo cabo anterior, com 10 mm2 de seção. "Acrescente-se aí o ganho ambiental, com a não emissão de quase 10 toneladas de CO2 na natureza", conclui o professor.